A cartografia da América Latina é representada como um Mapa-mole realizado em látex, que é um material flexível e elástico. A espessura fina do látex utilizado confere ao trabalho um caráter desincorporado e frágil, ainda que mantenha sua característica de elasticidade e de leveza.
Em América-Látex (pós-extrativismo), as formas da geografia da América Latina aparecem como uma pele arrancada da superfície, como se fosse um mapa sem base. A percepção de uma cartografia que parece ter sido extraída de algum lugar ou substrato desconhecidos, de um desenho que parece ter tido seu corpo subtraído e deslocado.
O material com o qual o trabalho foi realizado é mencionado no título tanto pela presença quanto pela relevância histórica do látex na América Latina.
A produção do látex remete inevitavelmente à história da exploração da matéria-prima na América do Sul.
O látex (que após processamento se transforma em borracha natural) é original da América do Sul, extraído da Seringueira (Hevea Brasiliensis), nativa da Amazônia. Embora o uso da borracha remeta ao período anterior à colonização da América Latina, sua exploração sistemática só ocorreu séculos depois.
A exploração da borracha esteve na base do desenvolvimento do Brasil a partir de meados do século XIX (primeiro ciclo da borracha), entrando em declínio após as plantações no sudoeste da Ásia se estabelecerem a partir do contrabando de sementes da Amazônia para colônias da Inglaterra.
AMÉRICA-LÁTEX (pós-extrativismo) Mapa-mole feito em látex 300 x 145 cm (dimensões da peça instalada) 2020
Foto 1: primeira edição de América-Látex / foto de Marina Camargo, 2020.
Foto 2: segunda edição de América-Látex / foto de Anna Mlasowsky, 2021.
Foto 3: segunda edição de América-Látex / foto de Danielle Tiffany Elliott na exposição On a matter of deletion and other disappearances, 2021.