Por uma casualidade, um dia derrubei no chão um globo terrestre, que se partiu ao meio. A parte impressa soltou-se, revelando uma espécie de camada à volta da esfera, que já não tinha utilidade. De certo modo, essa película que é o mapa à volta dessa esfera é algo semelhante às experiências com os Mapas-Moles, que são feitos de látex ou borracha e também remetem para uma espécie de película sem corpo.
Esta situação acidental de ficar apenas com a pele do mapa ou um mapa sem corpo lembrou-me uma experiência seminal no meu trabalho, registrada em Letras Caindo (2005). Naquela ocasião, as letras impressas numa lâmina transparente para retroprojeção descolaram-se da superfície, trazendo um sentido de materialidade para algo essencialmente gráfico como as letras.
Globo (a pele do mapa) #1 Impressão digital sobre papel fotográfico 70x50cm 2024